segunda-feira, janeiro 29, 2007

Há 55 anos, peão de estância laçou um avião que fazia vôos rasantes no interior de Santa Maria

O dia 20 deste mês marcou o 55O aniversário de um fato singular na história da aviação. Aos 76 anos, Irineu Noal, comerciante aposentado residente em Santa Maria, um dos personagens do episódio, ainda recebe pessoas interessadas em saber como o avião que ele pilotava foi laçado por um peão estância. Noal conta que nos finais de semana costumava realizar vôos com um teco-teco, principalmente sobre a localidade de Tronqueiras, no distrito de Arroio do Só, em Santa Maria,
onde tinha uma namorada. No início de janeiro de 1952, relata, ocorreu uma discussão que acabou estremecendo as relações com a jovem.
No dia 20, penúltimo domingo do mês, a saudade o levou novamente à região de Tronqueiras. Perto das 15h, começou a fazer vôos rasantes com o objetivo de atrair a atenção da moça. Ocorre que o peão Euclides Guterres (já falecido), na época com 24 anos, estava no campo tratando de umas novilhas. Inicialmente, Euclides acompanhou admirado as proezas do jovem piloto brevetado em novembro de 1951, que manobrava com rara habilidade o paulistinha prefixo PP-HFP do Aeroclube de Santa Maria.
Fazedor de proezas e espanholadas, ele teve a idéia de também testar
sua destreza e a resistência do seu laço de 13 braças e quatro tentos.
No terceiro rasante, relembra Noal, o gaúcho laçou o pequeno avião.
O teco-teco balançou e só não caiu porque a hélice cortou o couro cru. O
paulistinha ganhou altura novamente e o piloto rumou para o aeródromo de Camobi carregando presas na fuselagem quatro braças do laço de Euclides Guterres. Três dias depois, a reportagem do Correio do Povo promoveu o encontro dos dois personagens na fazenda de Cacildo Xavier, cenário do episódio.
Chapéu de aba quebrada, Euclides foi apresentado a Noal e confessou que ficara apreensivo com a sorte do piloto, pois queria apenas dar um
susto e não derrubar o avião. “Eu não fiz por maldade. Pura brincadeira. Para falar a verdade, eu não acreditava que pudesse pegar um aviãozinho pelas guampas, num tiro de laço, mas aconteceu. Depois que o laço agarrou o avião, eu pensei que ele logo viesse abaixo. Quando ele se endireitou e subiu, tive uma grande alegria. Seria um desastre e o pobre moço não tinha culpa”, declarou. O aeroclube teve um prejuízo de Cr$ 2 mil (2 mil cruzeiros) com a troca da hélice, que hoje se encontra exposta na ferragem da família de Noal, na rua Dr. Bozano, em Santa Maria. O piloto foi expulso da entidade, cinco dias depois do fato, que teve repercussão internacional. A revista Time narrou o acontecimento em reportagem sob o título “The cowboy & the airplane”.

Fonte: Correio do Povo - 29/01/07 - pg. 13

Um comentário:

Cecilia W. disse...

Dá pra laçar o Aerolula, com o distinto dentro?