Leitura do dia
"Dona Benta sentou -se na sua velha cadeirinha de pernas serradas e principiou: 
- Hans Staden era um moço natural de Homberg, pequena cidade do Estado de Hesse, na Alemanha. 
- De S? - exclamou Pedrinho, dando uma risada. - Que engraçado! 
- Não atrapalhe - disse Narizinho. - Assim como em São Paulo há a Freguesia de Nossa Senhora do Ó, bem pode haver o Estado de S na Alemanha. Em que o O é melhor que o S? 
- Não digam tolices - interrompeu Dona Benta. - Esse Estado da Alemanha escreve-se em português H E S S E, diz-se Hessen em alemão. Nada tem a ver com a letra S. 
Depois desta lição Dona Benta continuou: 
- O moço Staden tinha o temperamento aventureiro; não se contentava com o sossego da cidade natal. Queria ver o mundo, viajar, cortar os mares, e insistia nisso por mais que seu pai lhe dissesse que boa romaria faz quem em casa fica em paz. 
Um dia resolveu sair de Homberg. 
- Adeus, meu pai! Não nasci para árvore. Quero voar, conhecer o mundo. Adeus! 
- Pois vai, meu filho. Todos nós temos um destino na vida; se o teu destino é viajar, que se cumpra."
Monteiro Lobato 
(Aventuras de Hans Staden -
O homem que naufragou nas costas do Brasil em 1553
e esteve oito meses prisioneiro dos índios tupinambás;
narradas por Dona aos seus netos Narizinho e Pedrinho.)
 
2 comentários:
Mas que pérola!!
Adorei!
Lobato era um mestre, merecia um reconhecimento maior do que o que tem. Essa passagem, do comecinho d Hans Staden é uma pérola, o diálogo das crianças com Dona Benta, a descrição do sítio, do pomar, dos bichos-gente. Eu me lembro vivamente de tudo isso.
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