O Padre me traumatizou

Ouvi a clientela comentando:
"A lombriga da minha barriga adverte : com o novo salário mínimo, vou continuar solitária."

Tudo começou quando o Circo passou pela minha cidade, e mamãe não me levou pra ver.
Não, não foi assim que começou.
Eu era só um aluno de catequese naquela época. Frequentava as aulas na Igreja Santa Cecília em Porto Alegre.
Nessa igreja fui batizado, pelo mesmo Padre que hoje ainda comanda as missas de Domingo, o Pe. Edgar.
Pois certo dia, Pe. Edgar juntou a turma toda na sua salinha, pra conversar sobre a comunhão que ocorreria em breve.
Conversamos muito todos, ou melhor, ele falava e a gente ouvia. Até que a conversa chegou nas canções que iríamos cantar naquele domingo. Pois nesse ponto, Pe. Edgar olhou pra mim, e falou: Filho, vou colocar um disco, e quero que você cante pra nós.
E lá fui eu, Cantando feliz e contente, cheio de orgulho uma canção que era mais ou menos assim:
- “ Só entra no céu, quem for como as crianças”... “Foi jesus quem disse: deixai vir à mim, esses pequeninos”.
Cantei com toda minha vontade, e pelo menos pra mim, consegui disfarçar até aqueles desafinos que todo pré adolescente tem, por estar mudando a voz.
Quando terminei de cantar, Pe. Edgar apenas colocou a música novamente, e pediu para que todos cantassem dessa vez.
E todos cantamos, e incrivelmente bem.
Pe. Edgar tirou o disco da vitrolinha, e com um sorriso sádico disparou: “Viram ? Se TODOS cantarem juntos no Domingo, até que vai ficar bastante bom. O que não pode é ficar com vergonha, pois daí só vai se ouvir uns dois ou três cantando. E daí não vai ser muito bonito pra familia de vocês”.
Desde então, fui me isolando... isolando... isolando...