quarta-feira, março 21, 2007

Saudades do tio Braz

Tio Braz era político de carreira. Foi vereador uma porção de vezes lá em Recife. Ele era casado com minha tia Zilda, irmã de minha mãe.
Tio Braz era d’um desses partidos que antes era de Direita (lembra quando havia alguma diferença?), tipo PFL, PDS, PP ou seja lá o que for.
Ele era um sujeito legal, tinha uma ambulância com a foto dele colada, e transportava os doentes pra lá e pra cá pela periferia de Recife.

Vocês dirão – político de partido de Direita, que tem uma ambulância, e fica transportando eleitores pra hospital... esse cara é safado!

E talvez fosse mesmo. Eu morava em Porto Alegre, e tio Braz em Recife. Ou seja, o meu contato com ele era raro, mas sempre me pareceu boa pessoa. Lembro de uma vez ele organizar uma campanha de Natal, e arrecadar brinquedos em Boa Viagem e distribuir para a criançada na periferia. Eu estava junto com ele.

Mas a lembrança mais interessante que tenho de tio Braz não era a sua boa vontade junto aos menos favorecidos, mesmo que eventualmente ela fosse estimulada pelo resultado das urnas.

Pois como dizia, minha lembrança mais interessante sobre meu tio Braz foi a de um Jornal Nacional. Lá estávamos nós jantando e vendo o Sérgio Chapelein, quando ele anuncia - “Quebra-quebra na Câmara de Vereadores de Recife”. Paramos todos pra ver do que se tratava, e o que vimos foi Tio Braz, de dedo em riste gritando com um outro vereador.

De uma lado tio Braz gritava:
- Demagogo, safado !
E o outro respondia.
- Mentiroso, ordinário.

Nisso, tio Braz se desvencilha de um outro colega que o segurava, e parti pra cima do vereador adversário, e depois de uns dois ou três sopapos, quebra o nariz e uns dois dentes do adversário. Se a verdade venceu, eu não sei, mas meu tio cresceu no meu conceito.

Hoje em dia, a coisa nas câmaras, plenários e congressos da vida, o que a gente vê é uma grande farsa. É um tal de ex-presidente em posição militaresca, com choro contido e engasgos programados, ministros que desistem do cargo por medo que vasculhem suas vidas, e outras tantas que, contando, ninguém acredita.

Está faltando no Congresso Nacional um sujeito como meu tio Braz, que volta e meia perdia a paciência e partia pro pau.

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